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Mensagem postada pelo Silentlambs em 19/08/2003 Pat Lembro-me que a primeira vez que ouvi mencionar o nome de Pat foi por uma amiga que a conhecia há muitos anos. Ela descreveu Pat como uma pessoa aterrorizada pela Organização da Watchtower, quando ela tentou obter ajuda pelo que lhe aconteceu quando criança, devido ao abuso que ela sofrera. Pat, de boa fé, escrevera cartas desde 1994, para o Departamento de Serviço, identificando o seu molestador e buscando justiça para outras vítimas que ela sabia que haviam sido molestadas por esse homem. Qual foi a resposta? Eles passaram a mandar uma série de cartas que a desqualificavam, tentaram ignorar suas acusações, mandaram os anciãos locais ameaçarem-na e, finalmente, por volta de 1997, resultou numa reunião “especial” com um Superintendente de Distrito e de Circuito. Pelo menos, pensou ela, ela seria escutada e uma investigação apropriada para fazer justiça seria realizada. O que aconteceu? Não houve interesse em ouvir a história dela ou em se encontrara verdade, ao invés disso, foi dito a Pat que ela seria demonizada e que se ela falasse mais alguma coisa a respeito ou se escrevesse mais cartas seria desassociada. Um pedaço de Pat morreu naquele dia em que ela entendeu que as pessoas da liderança eram controladas por homens iníquos. O Superintendente de Circuito que tomou parte naquela reunião “especial” hoje é membro do corpo governante. Como resultado, para Pat criou-se um temor e uma paranóia com relação a qualquer um em posição de autoridade na organização. Este temor levou-a a se esconder, achar que seu telefone estava ‘grampeado’ e que ela estava sendo vigiada. Quando eu falei com Pat pela primeira vez, ela me contatou através de um telefone público pois temia que alguém a escutasse se usasse seu telefone em casa. Depois de algumas conversas e depois de confirmar-lhe que acreditava nela, senti que Pat se tornava mais forte. Um dia ela me ligou do telefone de sua casa, o que foi um passo fundamental para ela retomar o controle que lhe haviam tirado. Pouco depois disso houve uma conferência em sua área. Pat foi convidada a assisti-la para me encontrar pessoalmente. Ela estaria disfarçada devido ao seu contínuo temor, mas ela queria encontrar-me. Quando ela chegou com uma echarpe e óculos escuros eu lhe dei um abraço bem apertado e ela começou a gritar e eu a fiquei segurando por alguns minutos enquanto ela tremia de maneira incontrolável. Pude sentir o medo e a dor que ela estava liberando na medida em que ela era cercada e confortada por amigos. Na conferência eu dei uma palestra e depois, Pat foi perguntada se poderia falar. Ainda disfarçada e parecendo muito frágil, tremendo como uma folha, ela começou a falar sobre o que lhe acontecera. Pat ainda estava sob o efeito do medo, de modo que alterou algumas partes de seu relato para proteger as pessoas envolvidas e a si mesma. Ela fez o melhor que pode fazer e eu estava orgulhoso de ver quão longe ela foi. Ela gritava, à medida em que falava, mas ela continuou ela lutou contra si mesma durante todo o seu proferimento e concluiu o que desejava dizer. Quando tudo acabou, depois de um grande abraço, eu lhe disse como estávamos orgulhosos dela. Nos seus olhos havia um brilho que não estava ali antes. Foram a confiança e a esperança nascidas do fato de se sentir acreditada. Depois da conferência Pat me contatava regularmente para saber o que mais poderia fazer. Podia-se sentir que sua força continuava a crescer. Cerca de quatro meses depois chegara o julgamento do caso de Érica Garza e eu solicitei que quem desejasse viesse para apoiá-la. Pat morava a cerca de 5 horas de distância do local mas ela foi uma das primeiras e me informar que estaria lá. Ela não tinha dinheiro mas achou uma maneira de chegar lá e ficamos assistido pela ajuda de outros que lá estiveram e que a ajudaram com acomodações e alimentação. Quando Pat encontrou Érica pela primeira vez ela lhe deu um grande abraço bem em frente às câmeras do Dateline. Foi um grande momento em que seus temores foram superados para oferecer ajuda a um companheiro sobrevivente de abuso. Significou muito para Érica ter Pat e cerca de 30 pessoas ali para apoiá-la quando, anteriormente, cerca de setenta Testemunhas de Jeová estiveram presentes para fornecer apoio ao molestador. Por outro lado, foi ótimo para Pat estar ali com o grupo e saber que ela fazia parte do apoio a Érica. Quando, um mês depois, nós voltamos para ouvir a sentença, Pat estava lá novamente. O juiz perguntou se alguém desejava falar em defesa de Érica. Eu, naturalmente, me voluntariei junto com outras pessoas mas, para minha surpresa, Pat desejou ir até o gravador e falar em apoio de Érica. Este foi um outro grande passo para Pat, pois foi a primeira vez que ela veio a público advogar e falar a outros sobre abuso. Nunca me esquecerei de como, á medida que Pat se aproximava da tribuna ela parecia tão frágil enquanto suas mãos tremiam e ela parava para se compor. Pensei que em dado momento ela iria fugir dali mas, o invés disso, ela começou a falar. Inicialmente de maneira tímida, mas sua voz foi ficando cada vez mais forte à medida em que ela falava. Suas palavras foram tão poderosas que, ao final, ela não era mais a frágil Pat, mais um leão rugindo, à medida em que ela falava aquilo em que ela acreditava de todo o coração. Eu estava atônito. Era essa a pessoa que há apenas seis meses atrás estava tão amedrontada de falar comigo de seu próprio telefone? Ela sofreu uma mudança definitiva e eu pude ver o poder do apoio e da crença – a razão porque o “silentlambs” é importante na vida de tantas pessoas. Você poderá escutar o testemunho de Pat no julgamento, na gravação disponibilizada no “web site” do silentlambs: http://www.silentlambs.org/education/erica_ra.cfm Depois deste dia, Pat voltou para casa com uma nova força. Ela contactou a rádio local, a televisão e o jornal. Ela deu entrevistas falando corajosamente sobre as questões do abuso e não viveu mais com medo. Ela não foi curada do dano que sofreu quando criança. Algumas vezes ela telefonava e chorava enquanto falava. Eu ouvia e, algumas vezes, dava-lhe apoio. Isso é tudo o que podemos fazer. Parecia que Pat, agora, vivia com um objetivo e, embora seus temores nunca tenham sido completamente apagados, ela sentia que era mais importante falar para ajudar a outros do que viver em silêncio. Sua congregação a puniu e, como resultado, ela foi deliberadamente evitada para que soubesse que eles a desaprovavam. Intimidou isto a Pat? Ela me falou sobre como confrontou o Superintendente Presidente pelo seu comportamento e o de sua esposa, para com ela. O Superintendente Preseidente não soube o que dizer e como eles são covardes quando confrontados com a verdade. Pat amava Jeová e lia a Bíblia regularmente. Ela sempre orava pedindo forças para falar e para que o que ela dissesse fosse de ajuda para outros. Se você prestar a atenção ao que ela conseguiu, não terá dúvidas de que suas orações foram respondidas. Quando a marcha dos “silentlambs” foi programada, Pat imediatamente desejou participar. Mais uma vez, apoiadores generosos do “silentlambs” ajudaram Pat e muitos outros a participar. Nunca foi sugerido a Pat que ela devesse de algum modo falar sobre suas acusações de ter sido molestada por Ted Jaracz. Pat foi agraciada com o prêmio da “coragem”, do “silentlambs” junto com outros 12 premiados. Quando você considera o que está escrito acima, pode entender porque Pat recebeu esse reconhecimento? Pat foi um brilhante exemplo do qual todos os sobreviventes de abuso podem aprender. No espaço localizado na frente do prédio número 25, havia um ponto em que qualquer um tinha a oportunidade de falar sobre o seu abuso. Vários vieram á frente e falaram. Um desses era Pat. Eu não sabia o que ela falaria, mas eu tinha certeza de que seria poderoso. Pat, corajosamente identificou seu molestador na entrada do prédio onde ele morava. Esta pequena mulher deu os últimos passos para retomar o poder que lhe havia sido tirado pelos homens em posição na Organização ameaçando-a com temor e silêncio. Se você vir o vídeo (poderá solicitá-lo do “silentlambs”) poderá ver Pat tremendo uma vez mais, mas desta vez não é de medo, mas de raiva. Poderá senti-la em sua voz. Poderá vê-la em seus olhos. Poderá vê-la em suas mãos rigidamente fechadas em torno do apoio. Foi bom que Ted Jaracz se escondesse naquele dia porque se Pat o pegasse não seria uma coisa bonita de se ver. Pat estava feliz por ter falado e por ter identificado o que aconteceu a ela. Ela acreditava que isso ajudaria a outros a ver que eles poderiam falar e que não precisavam mais viver com medo do que homens poderosos na organização pudessem lhes fazer. Pat foi a primeira. Foi sua coragem em desejar se expor e em ajudar os que a ajudaram a encontrar a redenção de seu temor. Quando Pat falou, em 27 de setembro de 2002, ela sabia que estava com câncer e que tinha apenas seis meses de vida. Ela sabia que aquela poderia ser a sua última chance de registrar a informação que por tanto tempo guardou consigo mesma. Foi importante para ela saber que, como sempre, quando ela fez isso, o “silentlambs” a apoiaria e acreditaria nela. Como no caso de todos os sobreviventes de abuso, o “silentlambs” acredita em todas as histórias de abuso. Certamente entendemos que, devido a certas circunstâncias, nem todos os molestadores irão para a cadeia, nem será feita justiça, mas as vítimas nunca serão questionadas quanto às suas alegações. Apoio e crença impulsionam os sobreviventes de abuso para que se levantem e retomem o poder que lhes fora roubado. Pat foi a prova viva de uma pessoa que foi tão longe porque acreditaram nela e a apoiaram. Pat lutou contra o câncer o melhor que ela pode, infelizmente ela faleceu em junho de 2003. Até o fim, Pat manteve uma forte confiança em Jeová através da oração e da Bíblia. Nenhuma Testemunha de Jeová se ofereceu para ajudá-la de qualquer maneira durante sua doença e ninguém se ofereceu para dirigir ou atender a seu funeral, embora Pat tenha morrido como uma Testemunha de Jeová em boa posição. A vida de Pat não se baseou na aprovação de pessoas mal orientadas, ao contrário, acredito que sua vida, embora terrivelmente prejudicada pelo abuso, foi uma vida com objetivo. Ela nunca desistiu de buscar justiça e se esforçou em falar para ajudar outros. Pat foi uma heroína para os sobreviventes de abuso por er conseguido vencer seu temor e falar bravamente para ajudar a outros a saber que eles não estão sós. Pat Garza era minha amiga. Bill Bowen
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