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MINHA HISTÓRIA - 10 ANOS NOS PÁTIOS DA TORRE DE VIGIA
Conforme narrado por N.P.


Nota: Atendendo à solicitação da autora os nomes serão omitidos.

A minha história começou quando ingenuamente aceitamos estudar a Bíblia com essas pessoas. Na verdade eu e meu marido não tínhamos nenhuma religião porque não acreditávamos nelas. Não éramos idólatras e nem tínhamos vícios..., presas perfeitas para essa seita! Enfim nos batizamos juntos e iniciamos com toda alegria e fervor nossa carreira "teocrática". Para sermos aceitos no grupo começa com a imposição de questões que biblicamente ficariam a cargo da consciência de cada um. O comprimento da saia era de 8 dedos abaixo do joelho, questão que as "queridas" irmãs frisavam com orgulho. Esmaltes coloridos... pasmem! Eram hábitos de Jezabel, cabelos curtos ou com tonalidades marcantes eram pedras de tropeço, etc...

Entramos no ritmo. Pareciam pessoas saídas da mesma forma. A pobre da minha filha com apenas 12 anos batizou-se. É claro com o apoio fervoroso dos pais e da congregação. Até que comecei a me interessar por livros de psicologia, e notei que eu mascarava a minha real personalidade. Foi então que aboli aquelas roupas conservadoras e passei a me vestir de forma mais despojada, sem ser deselegante ou imoral, afinal de contas, caráter não se aprende com religião. Eu já tinha cabelos razoavelmente curtos com a nuca batida, mas o escândalo se deu quando decidi cortar um pouco mais, afinal meu marido e meus filhos aprovaram e o principal: eu gosto!

Às escondidas e sem entrar em contato com meu marido que na época já era Servo Ministerial, retiraram meus privilégios na Escola do Ministério Teocrático.

Fiquei muitos meses sem fazer o que mais gostava: as partes na Escola. Achamos que pelo fato de haver duas congregações se reunindo juntas, as partes se tornariam mais esporádicas... Santa ingenuidade! Fomos realmente notar, quando um ancião em Necessidades Locais, frisou uma revista A Sentinela de 1963 (ou 66?) que tanto os homens como as mulheres cristãs deviam seguir o tamanho determinado do comprimento dos cabelos! Eu queria morrer de tanta vergonha! As "queridas" irmãs começaram a passar a mão nas vastas cabeleiras para ver se o comprimento "batia" com o que fora falado na tribuna. Ao final da reunião, saí às pressas. Foi uma sensação horrível que eu nunca havia sentido em outro lugar na minha vida!

Liguei para o ancião e perguntei em que base bíblica ele havia dito tal coisa. Tudo com educação, é claro! Ele, rispidamente disse que eu não tinha direito de questioná-lo e que tudo o que fora dito, era para mim.

Reuni o material e com muita calma e educação provei a eles que agiram indevidamente, afinal eu não estava causando problemas a ninguém. Na época, eu tinha 5 estudos bíblicos, 3 das minhas estudantes freqüentavam as reuniões. Meu marido deixou claro que gostava de mim da maneira que eu sou, alegre, vaidosa, franca e com os cabelinhos curtos (Risos). Eu queria apenas o respeito da mulher cristã! Depois de várias reuniões, o superintendente veio até a minha casa e me disse que meus privilégios me seriam devolvidos. Eu deveria esquecer tudo isso, passar uma borracha, afinal a tal da IMPERFEIÇÃO reina lá dentro!

Feliz da vida, achei que tudo estava resolvido. Mero engano! Depois disso, eles nos congelaram espiritualmente. Partes, apresentações, orações, foram negados à minha família!

Um dia, convidaram todos os jovens e até crianças para relatarem experiências da escola e somente minha filha e dois "jovens-problemas" ficaram de fora. Até hoje, eu escuto a voz dela me perguntando: O que foi que nós fizemos? O que foi que eu fiz? Comecei a notar que eu era "carta marcada", falei demais e o preço viria. Aos poucos fomos morrendo, e nas parcas visitas de pastoreio eu desabafava e na semana seguinte era dada uma apresentação e depois mais nada. Meu marido era um bom orador, uma pessoa super-amorosa, calmo, sincero mas o seu erro fora apoiar uma suposta REBELDE, SUA ESPOSA!

Nos últimos 3 anos, fomos definhando "espiritualmente". Minha filha, hoje, com 18 anos de idade, mudou. Antes ingênua e até bobinha, tornou-se desconfiada, e com grande dificuldade de acreditar nas pessoas. Criamos uma sebe onde só entra quem confiamos. Tornamo-nos, com o tempo, frias e agressivas quando provocadas. Ganhei de brinde uma doença chamada FIBROMIALGIA, ou seja reumatismo muscular no qual sofri por 2 anos de dores terríveis nas pernas, nos braços e ombros. Causa? Segundo o médico é de fundo emocional, devido algum trauma psicológico, no meu caso, REJEIÇÃO. Para ajudar, nessa época eu havia descoberto que era filha adotiva. Imagine a minha cabeça como ficou.

A rejeição da congregação continuou até chegar ao ponto de nesses últimos meses, eu e minha filha não sermos convidadas para nada, nem mesmo estudo bíblico, nem revisitas, nenhum telefonema, nada! Éramos estranhos, leprosos espirituais! Pedi ajuda, disse que estávamos morrendo, que aceitaríamos qualquer coisa, convites para revisitas, para estudos, mas nada! Começamos a faltar às reuniões, estudos de livro, mas em nenhum momento, sim, em nenhum momento, essa gente nos viu com olheiras, desarrumadas, cabisbaixas como eles gostam. Não! Eu e minha filha somos muito vaidosas, admiramos o belo, a elegância discreta que mulheres tais como Jackie K. Onassis soube demonstrar em vida!

Sempre amamos a Jeová e por isso, apesar de ver certas coisas que não concordávamos, aceitávamos porque achávamos que nós, sim, nós éramos rebeldes, fracas. Onde já se viu pensar em questionar o uso de Relatórios, o porque dessas malditas "horas", o poder da hierarquia, o escravo fiel e discreto que recebe o alimento – de que forma? Mensagens, telepatia, aniversários de casamento, despedidas com discurso e rapapés.

Até que um dia, eu me sentei diante de meu computador e decidi ver os sites dos demônios, dos renegados, dos apóstatas que falam mal de Jeová, etc, etc. Quando comecei a ler o que você escreveu... (Nota: a autora se refere a Cid Miranda e sua Home Page Testemunha: http://www.agevir.com.br/testemunha )

Há uma semana eu pedi minha dissociação, minha filha e meu filho de 11 anos de idade não querem voltar nunca mais para lá. O problema é meu marido; ele está dividido. Ele é muito ingênuo, não sei o que dizer. Ainda não acordou do "transe" desses 10 anos! Graças a Deus, eu e meus filhos estamos livres!

Esses dias têm sido difíceis para minha família.

Como eu disse, meu marido ainda está dividido. Ele não conseguiu separar a adoração a Jeová da adoração à organização. Só o tempo vai nos dizer o que será dele. Embora ele não esteja indo ao Salão, sente-se incomodado com a minha alegria e a dos meus filhos. Minha filha não quer entregar a carta de dissociação. Ela me disse não importa se algum dia for desassociada. Para ela aquelas pessoas são tão insignificantes, a ponto de não merecerem satisfação nenhuma. Acho que ela está certa. Até agora, não sei se foi dado o anúncio da minha dissociação, mas isso também não me interessa.

Alguns dias depois...

No dia 25/10/2001, meu marido e minha filha se dissociaram, e graças a Jeová Deus, estamos em paz!!

É engraçado. Olhando para atrás, parece que tudo foi um pesadelo! Tenho a impressão que nesses 10 anos, eu não vivi lá dentro, as pessoas me parecem estranhas. O que no momento estou sentindo é a falta de educação, de ética, de amor para com aqueles que saem. Pessoas que anteriormente freqüentavam nossa casa, diziam-se nossos irmãos da fé, companheiros leais, dispostos a dar a vida por nós..., agora viram o rosto. Tenho pena. São produto da alienação humana, não possuem mais vida própria, são teleguiados por homens miseráveis! No filme "Matrix", a dominação mental foi retratada fielmente; são tão judiados pelo sistema, que não estão preparados para serem desligados; alguns jamais serão! Se você não assistiu, então reserve um tempo e assista!

Até mais.

N.P.

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